plataforma tiger Opinião - Sons da Perifa: Lei Anti-Oruam: A favela só vira arte quando não é contada por quem a vive
Imagina só: você cresce em um bairro periféricoplataforma tiger, rodeado por desafios, mas também por uma cultura vibrante, que transforma dor em arte e realidade em música. O funk e o rap se tornam mais do que gêneros musicais; são vozes, desabafos e resistências. Aí chega uma lei dizendo que alguns artistas não podem mais se apresentar porque fazem "apologia ao crime". Mas quem decide isso? E por que esse controle nunca recai sobre outros estilos musicais? Bem-vindo ao novo capítulo da censura seletiva no Brasil.
jogar fortune tiger demo
A recente proposta legislativa apresentada pela vereadora Amanda Vettorazzo, batizada popularmente de "Projeto Anti-Oruam", reacende debates históricos sobre censura, liberdade de expressão e o eterno moralismo travestido de preocupação social. O projeto, que proíbe a contratação de artistas que supostamente façam "apologia ao crime e ao uso de drogas" em eventos da Prefeitura de São Paulo, é mais um capítulo da guerra seletiva contra a cultura periférica. Não é a primeira vez que o funk, o rap e suas variações são alvos preferenciais de iniciativas punitivas que miram a arte, mas ignoram as raízes do problema social.
A justificativa apresentada pela vereadora gira em torno da proteção da infância e da juventude. Quem poderia discordar disso? Ninguém quer crianças vulneráveis a discursos violentos ou influências negativas. Mas a questão central é: o que define "apologia ao crime"? E, mais importante, por que essa definição nunca se aplica a outros gêneros musicais? O sertanejo universitário, que enaltece o consumo abusivo de álcool, ou mesmo o rock, que por décadas flertou com referências a drogas e rebeldia, nunca foram alvo de proibições semelhantes. A repressão cultural sempre tem cor e endereço fixo.

Além disso, o projeto abre brechas perigosas para censura. O texto prevê sanções severas, incluindo a rescisão imediata de contratos e multas, caso um artista descumpra a cláusula de "não apologia". Mas quem decide o que é ou não apologia? Uma interpretação subjetiva pode ser usada como ferramenta política para silenciar vozes incômodas. Basta lembrar que, historicamente, leis ambíguas serviram para perseguir artistas e criminalizar manifestações culturais de resistência.
Oruam é um dos principais nomes do funk atual, conhecido por suas letras que retratam a realidade das favelas e a vivência da juventude periférica. Além de sua ascensão na música, seu nome também gera polêmica por sua origem: ele é filho de Marcinho VP, um dos envolvidos no assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002. Essa conexão frequentemente alimenta debates sobre sua trajetória, sua música e o constante ataque à cultura periférica.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) defendeu a proposta, afirmando que "apologia ao crime na cidade de São Paulo não irá acontecer". Em suas declarações, enfatizou que artistas que promovem tal discurso não terão espaço em eventos financiados pela prefeitura e que a proposta não se trata de perseguição ao funk ou ao rap, mas de um caso específico. Questionado sobre Oruam, o prefeito ironizou: "Nunca ouvi a música desse cara, para você ver que tenho um bom gosto para música". Seu posicionamento reforça como a política cultural da cidade continua sendo utilizada para limitar a presença da arte periférica nos espaços públicos.
No fim das contas, o "Projeto Anti-Oruam" não é sobre proteção da infância, mas sobre controle cultural. Se a preocupação fosse realmente o bem-estar dos jovens, o debate incluiria o acesso à educação de qualidade, lazer e oportunidades econômicas. Mas isso dá mais trabalho do que criar leis simbólicas que fazem barulho, mas pouco resolvem. Enquanto isso, a periferia segue criando, resistindo e ocupando os espaços que tentam lhe negar. Porque se tem uma coisa que a história mostra, é que a cultura marginalizada sempre encontra um jeito de se fazer ouvir, com ou sem permissão oficial.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
benefício do assinante
Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.
benefício do assinante
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.
Já é assinante? Faça seu login ASSINE A FOLHARecurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
sua assinatura vale muitoMais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
ASSINE POR R$ 1,90 NO 1º MÊS Veja outros artigos desse blog Envie sua notícia Erramos? Endereço da página https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sons-da-perifa/2025/02/lei-anti-oruam-a-favela-so-vira-arte-quando-nao-e-contada-por-quem-a-vive.shtml Comentários Termos e condições Todos os comentários Comente Comentar é exclusividade para assinantes. Assine a Folha por R$ 1,90 no 1º mês notícias da folha no seu email
Recurso exclusivo para assinantes
Viva uma experiência única de Blackjack & Roleta ao Vivo nas mesas exclusivas da ZA9BET! Mais de 4.000 slots, roleta ao vivo e blackjack te esperam na ZA9BET! Registre-se agora. Cassino Online. SuperOdds.assine ou faça login
Laudo faz governo Lula retomar caso nebuloso da morte de JKComissão analisará apuração sobre acidente em 1976; perícia pedida por Ministério Público difere de conclusão de 2014
Fortune Tiger 777 13.fev.2025 às 4h00
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
jogo de aposta do tigre Revisão da Lei da Anistia tem 3 frentes no STF, e militares veem revanchismoMinistro da Defesa questiona objetivo e diz que Forças Armadas fazem ponderações
Apostas Esportivas Autorizadas | Explore nosso Site Oficial 12.fev.2025 às 23h00
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Condenados por assassinato de Dorothy Stang há 20 anos são suspeitos de receptaçãoPolícia investiga esquemas que envolvem máquinas roubadas, além de grilagem; reportagem não localizou defesas
12.fev.2025 às 23h00 jogo de aposta do tigreCopyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Modal 500
O jornalnbsp;Folha de S.Paulonbsp;(1921 - 2025)nbsp;eacute; publicado pela Empresa Folha da Manhatilde; S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48
NEWSLETTERCadastro realizado com sucesso!
OkPor favor, tente mais tarde!
Ok